Vamos
tratar hoje de um assunto que é muito utilizado hoje pelas empresas - Banco de
Horas - instituto regulamentado pela Lei da Lei 9.601/98 que deu
nova redação ao artigo 59 da CLT em virtude da crise econômica daquele ano que
gerou muitas demissões. A lei passou a
flexibilizar alguns direitos trabalhistas previstos na CLT
de forma a combater o desemprego e amenizar o impacto trabalhista, autorizando
as empresas, em momentos de dificuldades ou crises temporárias, a conceder
folga a seus empregados em barganha da garantia do emprego.
A lei prevê também que esta prática só é legal se
for acordada em Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho com a participação do Sindicato da categoria representativa. A quantidade de horas
trabalhadas, horários, período e forma de compensação do banco de horas, entre
outros direitos devem constar na Convenção.
A finalidade principal do Banco de Horas é de se
computar o saldo de horas não trabalhadas em razão da diminuição da demanda,
mantendo-se os postos de trabalho, para posterior compensação com o aumento da
duração do trabalho. Trata-se de uma ferramenta muito importante que visa
proporcionar ao empregador e ao empregado uma flexibilização na relação de
emprego, evitando uma onerosidade sobre a folha de pagamento (pela desnecessidade do pagamento de horas extras)
e possibilitando a ausência do empregado (sem o prejuízo do salário) desde que
observadas as exigências legais.
O acordo do banco de horas, para ser implementado,
deve obedecer alguns requisitos principais:
- Previsão
em Convenção ou Acordo Coletivo de trabalho;
- Aprovação
dos empregados devidamente representados pelo Sindicado da Categoria;
- Jornada
máxima diária de 10 (dez) horas, salvo os regimes de escala (como o de 12
x 36, por exemplo);
- Jornada
máxima semanal de 44 (quarenta e quatro) horas previstas durante o ano do
acordo;
- Compensação
das horas dentro do período máximo de 1 (um) ano;
- Deve
ser mantido pela empresa o controle individual do saldo de banco de horas
bem como o acesso e acompanhamento do saldo por parte do empregado;
- Pagamento
do saldo das horas excedentes não compensadas no prazo máximo de 1 (um)
ano ou quando da rescisão de contrato de trabalho;
- Em
trabalhos insalubres e perigosos, a instituição do banco de horas depende
de autorização expressa de autoridade competente em matéria de segurança e
higiene do trabalho do Ministério do Trabalho.
Lembrando que a tolerância diária para entrada e
saída do empregado, por exemplo, que é de 10 minutos (5 minutos para a entrada
e 5 minutos para a saída) a qual não deve ser inclusa no banco de horas, pois
este não vislumbra esta possibilidade.Outro ponto é com relação à hora
extraordinária que, quando é paga, deve ser acrescida de no mínimo 50%
(cinquenta por cento) sobre o valor da hora normal, de acordo com a CF/88,
e quando é para compensar, não recebe este acréscimo se a compensação é
feita no período de 1 (um) ano, conforme prevê o § 2º do artigo 59 da CLT.
Como a lei não se manifesta com relação a horas
extraordinárias em dias normais ou domingos e feriados, as horas seriam
compensadas 1 por 1 em qualquer situação, salvo as garantias expressas em
acordo ou convenção coletiva.
Cabe ao empregador, portanto, o cuidado de garantir
que o banco de horas seja válido perante a justiça trabalhista, que tem se
mostrado de forma rígida no momento de manifestar sua autenticidade.A
legislação prevê ainda multa para o empregador que mantêm acordo de banco de
horas de forma irregular ou que não atenda os requisitos legais.
Caso o empregado esteja trabalhando mais de duas
horas extras por dia, a empresa pode ser multada, dependendo da quantidade de
empregados, no valor que varia de R$ 40,25 a R$ 4.025,00, dobrando em caso
de reincidência. Já se o empregador não pagar as horas extras trabalhadas no
vencimento do banco de horas, o valor é de R$ 170,26 por empregado.
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